COMO MOVER-SE NA PRÁTICA DE ÁSANA?
Pedro Kupfer
Os quatro membros, a cabeça e o tronco, estão conectados pelo núcleo central do corpo, que fica na região do umbigo. Na fisiologia sutil do Yoga, essa região recebe o nome de kanda. Ela corresponde ao hara das artes marciais, e fica quatro dedos abaixo e atrás do umbigo, no centro da parte baixa do tronco.
Na prática dos ásanas, idealmente, todos os movimentos nascem nessa região e se propagam pelas demais áreas do corpo. Da mesma forma, todos os movimentos originados na periferia deveriam retornar para esse centro, através das contrações (bandhas) abaixo mencionadas. O início do movimento a partir dessa área em direção aos membros, e destes de volta para o centro, chama-se irradiação do kanda.
Todo e qualquer movimento deveria começar a partir do centro do corpo e/ou retornar a ele
Para dominarmos um movimento, podemos aplicar estes quatro passos:
1. Estabelecer um núcleo dentro do corpo. Lembremos que esse núcleo será sempre móvel. Dependendo da postura, devemos identificar de que maneira cada colocação do corpo interfere no centro de gravidade.
2. Observar o vínculo desse núcleo com a respiração, e permitir que esta guie o movimento a partir do kanda, aplicando a respiração profunda associada ao uddiyana e ao mula bandha, recolhimento da parte inferior do abdômen e elevação do assoalho pélvico.
3. Conectar o núcleo com os membros (braços, pernas e cabeça), permitindo que haja uma relação harmoniosa entre estes e o tronco. Identificar e tomar consciência os caminhos que a energia percorre.
4. Permitir-se 'ser guiado pelo movimento', entregar-se. Devemos evitar nos ater a um conceito rígido, puramente teórico, de como deveria ser a postura. Cada corpo tem suas características únicas, e precisa ser respeitado.
Adaptar as posturas à situação única de cada corpo é um processo chamado yogya. No diálogo entre corpo e postura, o corpo deve sempre ter a última palavra. Tentar fazer o contrário é colocar-se em risco de lesões.
Devemos aprender qual é a maneira ideal de fazer cada ásana de maneira responsável e segura, considerando e respeitando as características individuais de cada um.
O alinhamento profundo é uma tentativa consciente que fazemos para encontrar a continuidade do fluxo da energia através do corpo, unificando todas suas partes. Se conseguirmos achar os caminhos do movimento que conectam o centro do corpo aos membros, a respiração ficará desimpedida e centrada e o movimento será mais livre e fluido.
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