De ponta cabeça

















A prática do asana traz mudanças significativas para a respiração, pois fortalece o diafragma

Descubra porque a prática de sirsasana pode mudar os seus horizontes

Por Thaís Harari
Foto com Camila Reitz

Não é a toa que sirsasana (invertida sobre a cabeça) é considerada a postura mais importante do Yoga. Praticá-la traz diversos benefícios ao corpo, entre eles a melhora da circulação sanguínea e linfática, das funções cognitivas, de problemas digestivos e cólicas menstruais. Adriana Braga, professora do estúdio Espiral Yoga, em São Paulo, destaca um outro aspecto. “Em sirsasana nossos órgãos e glândulas são ativados, pois ao entrarmos em uma postura invertida eles ficam obrigados a trabalhar em uma situação de gravidade diferente.”

A prática do asana traz também mudanças significativas para a respiração, pois fortalece o diafragma. De acordo com a professora de Ashtanga Vinyasa Yoga, Camila Reitz, do Yogashala, de Florianópolis (SC), em posturas invertidas como sirsasana, os órgãos internos pesam sobre o diafragma, que precisa trabalhar ainda mais para mantê-los no lugar. É nessa ação que ele acaba se fortalecendo.

Contra-indicações

A postura deve ser feita ao final da aula, já que é capaz de diminuir a temperatura corporal proporcionando uma sensação calmante. Pessoas com glaucoma, pressão alta, refluxo gastroexofágico ou problemas na cervical não podem praticar. Em algumas correntes do Yoga, Sirsasana deve ser evitada também por mulheres durante o período menstrual. Segundo Camila, a postura movimenta apana, energia purificadora que rege o sistema digestivo, a menstruação e o parto. Apana tende a se movimentar indo da cabeça aos pés, descendo no corpo, sendo responsável por eliminar as excreções do organismo. Quando entramos em uma invertida, porém, seu sentido muda e ela passa a subir. Por isso, a postura deve ser praticada fora do período menstrual para não comprometer o fluxo natural da energia no corpo. 

Nem todos concordam com a afirmação a cima. O professor de Hatha Yoga Rui Afonso, que faz mestrado sobre Yoga e Menopausa na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acredita que a mulher pode praticar invertidas durante o período mestrual. "Faz pouco tempo que o Hatha Yoga começou a ser praticado por mulheres. Antigamente, não se sabia muito sobre o assunto e havia muias crendices sobre mestruação como há até hoje na Índia. Nos principais textos como Hatha Yoga Pradipika não há nenhuma referência sobre o assunto, logo, acredito que não há contra-indicação".

Superação

“Achava que ia levar o maior tombo”, diz a psicóloga Ana Patitucci, de São Paulo. Praticante de Yoga há cinco anos, Ana conta que no começo se quer imaginava realizar uma postura como sirsasana. “Fui ganhando confiança conforme praticava, via que fortalecia meus músculos, tinha mais controle abdominal”. Um dia, entrou no asana com a ajuda da professora e percebeu que tinha capacidade de ficar. Agora pratica sem o auxílio da parede, mas ainda deixa um cobertor ao lado, para que não se machuque caso caia. 

Prática e variações

Adriana recomenda aos alunos que comecem a praticar apoiando o quadril na parede, sempre com a orientação de um instrutor. Se você nunca fez a postura, não tente fazer em casa sozinho.
Sentado sob os joelhos, enlace os dedos das mãos. Apoie todo o antebraço no chão e mantenha os cotovelos na distância dos ombros. Coloque o topo da cabeça sob o solo e cuide para que o queixo esteja perpendicular ao chão. Erga o quadril mantendo as escápulas erguidas e os ombros longe das orelhas. Caminhe com os pés até que sua coluna esteja totalmente alinhada, perpendicular ao chão. Com a força do abdome, flexione os joelhos tirando os pés do chão, quando se sentir equilibrado, levante as pernas na direção do teto. Permaneça na postura por entre 25 a 30 respirações. 

Há professores, porém, que dizem que se o aluno não é capaz de entrar na postura sem auxílio da parede, ele ainda não está pronto para realizá-la. A professora de Iyengar Yoga Analu Matsubara, de São Paulo, defende que, em um primeiro momento, a postura deve ser feita no centro da sala, com a ajuda de um professor, para que o aluno registre no corpo a maneira correta de realizar a postura. “É bom para que o aluno não se acomode, nem tenha a parede como uma muleta”.

Há algumas variações possíveis deste asana. Em uma delas, utiliza-se duas cadeiras, posicionadas uma ao lado da outra, distantes o suficiente para que se possa posicionar a cabeça neste vão que se forma entre elas. Os ombros ficam apoiados nas cadeiras e as mãos posicionadas no centro delas, formando um ângulo de 90º com o antebraço. Em seguida, flexione os joelhos e vá levantando as pernas em direção ao teto utilizando a força do abdômen. 

Analu explica uma outra versão utilizando as koruntas (cordas), frente à parede. O aluno deve vestir a barrigueira das cordas, deixando-as na banda sacral, abaixo da coluna lombar. Colocando uma mão em cada uma das cordas e escale a parede com os pés até virar de ponta cabeça. Os braços ficam posicionados em cima da cabeça, agarrando os cotovelos. Iniciantes devem permanecer na postura cerca de 3 minutos. Alunos mais avançados podem ficar até 8 minutos.

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