Músculos abdominais saudáveis são fortes, não rígidos.




Em nossa obsessão social pelo minimalismo abdominal, freqüentemente perdemos o contato com a natureza real dessa parte crucial do corpo. Músculos abdominais ajudam na respiração, alinham a pélvis, flexionam e rotacionam o tronco, mantém o torso ereto, suportam a parte lombar da coluna vertebral e sustentam os órgãos da digestão. Essa obsessão pelo tanquinho no entanto é de uma certa forma correta. Fortes e tonificados, os músculos do centro do corpo conservam a boa saúde. 

Mas isso não significa que devemos cultivar um permanente estado de câimbra no umbigo, segurar a respiração e nos portarmos como soldados, rígidos. Observe Buddha, talvez o yogi mais conhecido no mundo. Em várias pinturas e esculturas, ele não tem abdominal de aço. Yogis sabem que abdominais cronicamente contraídos não são mais saudáveis do que os ísquios tibiais e músculos das costas enrigecidos. O yoga pode ajudar a desenvolver o perfeito equilíbrio do fortalecimento abdominal, flexibilidade, relaxamento e consciência.

É evidente que professores têm diferentes abordagens do exercício abdominal através de diversos caminhos. Alguns trabalham a região da barriga em primeiro lugar através de uma exploração sensorial, permitindo que o praticante esteja mais sensível de todas as camadas dos músculos e órgãos; outros usam posturas em pé, empregando braços e pernas para fortalecer a região abdominal, que é responsável por estabilizar os membros. 

Há quem promova o estresse nessa região, enfatizando que o valor dos músculos abdominais consiste na habilidade de movimentar-se e mudar de forma. Apesar de todas as divergências, há quatro temas em comum: a elasticidade do movimento no centro da gravidade do corpo pertence ao umbigo, asanas treinam esse centro e agem como uma base estável e fonte do movimento fluído, músculos abdominais devem ser tonificados e não tensos, o primeiro passo no exercício abdominal requer a aprendizagem de como sentir essa região , tornar-se familiar com o que vem de dentro. 

Um conhecimento básico da anatomia na região da barriga pode nos aproximar o trabalho físico com um mapa mental mais preciso. Então vamos desvendar as camadas e descobrir o que há por baixo da nossa pele. A pele da região abdominal difere bastante da pele que cobre o resto do corpo. Há um tecido sub-cutâneo que acumula gordura. Pode medir alguns centímetros. Aqueles torsos que muito se vê em publicidade são para menos de 10% da população. É preciso ter pele realmente fina para mostrar o músculo; e isso requer mais do que exercício aplicado, é preciso a genética certa. Tem de ser jovem também. Uma vez que células de gordura se acumulam nessa região, é difícil de fazê-las desaparecer. Você pode matá-las de fome, elas de fato irão contrair. Mas elas sempre estarão lá, esforçando-se para crescer. 

Muita gordura na região abdominal – todos sabemos – não é saudável. E trabalhar muito intensamente para eliminá-la pode trazer sérios problemas. Mulheres podem sofrer de depleção de estrógeno, fraqueza dos ossos e fraturas. Uma camada fina de poucos milímetros nessa região não importa. A maioria dos adultos, incluindo corredores de longa distância e pessoas de boa saúde tem uma camada fina na região da barriga. 

Em vez de ficar obssisivo pela gordura, é preferível o foco profundo sob a pele: uma parede rigorosa de quatro músculos unidos envolvem nossos órgãos internos. Na superfície, o músculo reto se extende ao longo da frente dessa parede, do osso púbico ao esterno. No outro lado, um fino e mais poderoso músculo, chamado de externo oblíquo, corre diagonalmente das costelas ao reto, formando um “v” quando visto de frente. Em direção perpendicular, os oblíquos externos e internos estão bem abaixo. Esses dois pares de músculos trabalham em harmonia, rotacionam o tronco e flexionando-o diagonalmente. A camada mais interna do músculo abdominal, o transversus corre horizontalmente, envolvendo o torso como um colete. Você flexiona esse músculo para empurrar a barriga. O mais rígiddo, o de três dobras formado pelo oblíquo e transversus promove o apoio forte e expansivo; protege a víscera e prpoporciona compressão que ajuda a eliminação, além de proporcionar flexibilidade suficiente para desenvolver a respiração diafragmática. 

Nosso centro de energia reside bem embaixo do umbigo. A fonte da nossa vitalidade, o abdômen é um espaço sagrado no nosso corpo, logo é preferível não criticar como ele aparenta, mas estar atento a ele. Por toda parte no mundo, em tratamentos e tradições místicas, a barriga é um importante centro de energia e consciência. O tantra yoga representa o umbigo como o lar de rajas, ou energia solar. Então, da próxima vez que tiver um olhar crítico sobre seu estômago, experimente reverenciar um namastê para seu centro de poder e casa de bons instintos. Você pode também cultivar um abdômen trincado ao empregar um contato integrado de trabalho abdominal, combinando consciência somática e energética com asanas e pranayamas.

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