Teste de segurança





As práticas de Yoga podem ser tão perigosas quanto benéficas. Conheça os cuidados necessários para manter-se saudável.


Os textos clássicos impressionam pela quantidade de benefícios que atribuem às práticas do Yoga. O Hatha Yoga Pradipika, por exemplo, indica que praticar matsyendrasana (postura do yogi Matsyendra) “é um remédio contra as doenças mais mortais”. Essa indicação faz parte de um conjunto de práticas que, na época do texto, eram prescritas e acompanhadas de muito perto por um mestre qualificado.
Hoje muitas dessas técnicas, que eram consideradas secretas, estão disponíveis na internet e podem oferecer grandes riscos aos despreparados.

Diga-me com quem andas
Mas então qual é a supervisão necessária para esses procedimentos? Segundo o médico e professor de Ayurveda Luis Guilherme Correa Neto, essas práticas devem ser orientadas por pessoas experientes, qualificadas e responsáveis. “A relação mestre-discípulo faz parte da tradição de todas as disciplinas da cultura tradicional indiana. Devemos aprender com um mestre experiente e que tenha uma referência de linhagem.” Como mestres são espécies raríssimas hoje, podemos substituí-los por um professor, terapeuta ou médico ayurvédico. Mas para certificar-se dessa qualificação, é recomendado conhecer os professores do professor e sua formação. “Cursos de duas semanas não fornecem o conhecimento necessário”, adverte o médico.

Arrume a postura!
A prática de asanas provoca lesões mesmo dentro das salas de aula, sob o olhar atento de um bom professor. Para evitar lesões, o professor deve ser informado de qualquer condição de saúde e ter conhecimento de anatomia, indicações e contraindicações das posturas. O dr. Luis Guilherme ainda esclarece que os livros e DVDs oferecidos hoje são valiosos complementos ao aprendizado, mas não devem substituir um professor em uma prática segura.

Saúde pura!
As práticas purificatórias do Yoga podem ser ainda mais perigosas quando feitas sem a supervisão adequada. A professora de Yoga e autora do livro A Senda do Yoga, Maria Laura Packer, esclarece que três das seis práticas de purificação descritas no Hatha Yoga Pradipika podem ser feitas sem supervisão por alunos bem instruídos: nauli (manipulação dos músculos abdominais); trataka (fixação ocular na chama da vela) e kapalabhati (respiração do crânio brilhante). “Os demais kriyas (basti, dhauti e neti) devem ser feitos com o auxílio e a supervisão de um professor que já tenha prática constante dessas técnicas”, complementa a professora.
Segundo o dr. Luis Guilherme, esse acompanhamento se faz necessário porque os shatkarmas são práticas intensas recomendadas a praticantes avançados, exercícios de exacerbação de respostas fisiológicas. “Vomitamos quando estamos intoxicados, mas produzir vômito não é exatamente natural e só tem sentido dentro de um contexto”, esclarece ele.
Já os procedimentos ayurvédicos devem ser prescritos somente por um médico. Terapeutas qualificados podem aplicar alguns tratamentos, mas outros mais intensos, como os panchakarmas, devem sempre ser acompanhados por um médico.
O importante para quem ainda está aprendendo é estar sempre acompanhado por uma pessoa que tenha capacidade de lidar com eventuais complicações da prática, seja ela qual for.

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