Quando menos é mais
Por: Helena Echlin
Ganhe tempo para fazer coisas que ama simplificando sua vida
Judy Davis nunca compra nada novo se puder evitar. Essa consultora de marketing freelancer de 58 anos prefere roupas de brechó e móveis usados. Em vez de compra presentes, ela dá plantas de seu jardim ou bolsas que costura com tecidos de roupas vintage. Judy é parte de um grupo que fez um voto de não comprar nada novo por um ano exceto o essencial como comida, remédio, produtos de limpeza e roupas íntimas (mas não vale lingerie de Paris). Embora algumas pessoas levam a simplicidade tão a sério como esse grupo, mais e mais de nós estamos involuntariamente diminuindo as compras e o consumo. Muitos indivíduos que escolhem esse estilo de vida são yogis. O trabalho seminal da filosofia do Yoga, Yoga Sutra de Patanjali, desaprova o materialismo e alguns yogis acham que apenas a prática de asana os ajuda a ser mais feliz com menos.
A busca pela vida simples não é novidade, claro. De Quakers a Transcendentalistas, o mundo sempre teve essas pessoas que se associam simplicidade com crescimento espiritual. Os hippies encontraram simplicidade apelando para razões mais seculares, como sustentabilidade ecológica. Mas aqueles que praticam uma vida sem consumo não são necessariamente ascetas espirituais ou tipos fora do “mundo”. Muitos são pessoas comuns que estão modificando o comportamento do dia a dia tentando ser conscientes sobre o que comer, dirigir e comprar.
Nos últimos 15 anos, “a simplicidade voluntária” ganhou milhares de adeptos. Muitos livros foram publicados como Do Berço ao Berço, de William McDonough e Michael Braungart; Capitalismo Natural, de Paul Hawken, Amory e Hunter Lovins; Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, e A Ecologia do Comércio, de Paul Hawken. Dezenas de sites também pregam a sustentabilidade no Brasil e no mundo, como Portal da Sustentabilidade e Atitudes Sustentáveis.
A maioria das tradições religiosas encoraja a vida simples e o Yoga não é exceção. No Yoga Sutra, Patanjali mostram os yamas (restrições morais) e niyamas (observanças), um conjunto de 10 princípios cruciais para o progreso do indivíduo pelo caminho yógico. Um dos yamas é o aparigraha, geralmente traduzido como não cobiça,. Mas significa mais do que apenas ter apenas o que necessita, explica David Frawley, fundador e diretor do American Institute of Vedic Studies e autor de vários livros. Aparigraha também significa “não ter muitas coisas desnecessárias em volta de você e não ansiar por coisas que outras pessoas têm,” diz Frawley. Em outras palavras, aparigraha também significa manter apenas o que precisa e querer apenas o que precisa.
Aparigraha leva naturalmente para um dos niyamas: santosha ou “contentamento”: estar satisfeito com os recursos à mão e não desejar mais. Enfim, Frawley diz, “Yoga é a transcendência do desejo por coisas externas, que é a causa do sofrimento, e encontrar paz e felicidade internamente.”
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