MEDITAÇÃO - ELIMINAR PENSAMENTOS OU ILUMINAR PENSAMENTOS?
Miguel Homem - 20 de Março de 2010
A diferença entre reconhecer a minha natureza fundamental como livre de pensamentos e almejar uma mente livre de pensamentos é a diferença entre o conhecimento e a ignorância. Swami Dayananda
É comum ouvirmos que na meditação se devem eliminar os pensamentos. Existe uma visão corrente no mundo do yoga segundo a qual o samádhi é conseguido depois das devidas fases de pránáyáma, pratyáhara, dhárana e dhyána. Esse nirvikalpa samádhi é um estado de ausência de divisão sujeito-objecto e corresponderia à iluminação. A argumentação segue na linha de que a natureza intrínseca do ser humano está coberta pelos vrttis (pensamentos) e que estes têm de ser parados e eliminados.
O Shástra mostra-nos como, embora, conhecedor, conhecido e conhecimento sejam não separados de átman, este é livre de cada um deles. O objectivo do exemplo do sonho é exactamente mostrar-nos que a experiência de dualidade que temos no estado acordado, não é diferente da experiência de dualidade no sonho. O ensinamento é exactamente que sou livre de pensamentos (nirvikalpa) independentemente da experiência de pensamentos e emoções (vikalpa). Este ensinamento é claramente diferente de um estado onde existe ausência de pensamentos. A noção de que quando não existem pensamentos existe iluminação impõe a dualidade átman e pensamento. Quando o pensamento existe, átman não existe e quando átman existe, o pensamento não existe. Nesta linha de pensamento, ambos se tornam reais e com a mesma natureza. Ora, existe pensamento, sem eu existir e estar presente? Em boa verdade, o pensamento é sat, é átman, embora átman não seja apenas um pensamento.
O Shástra mostra-nos como, embora, conhecedor, conhecido e conhecimento sejam não separados de átman, este é livre de cada um deles. O objectivo do exemplo do sonho é exactamente mostrar-nos que a experiência de dualidade que temos no estado acordado, não é diferente da experiência de dualidade no sonho. O ensinamento é exactamente que sou livre de pensamentos (nirvikalpa) independentemente da experiência de pensamentos e emoções (vikalpa). Este ensinamento é claramente diferente de um estado onde existe ausência de pensamentos. A noção de que quando não existem pensamentos existe iluminação impõe a dualidade átman e pensamento. Quando o pensamento existe, átman não existe e quando átman existe, o pensamento não existe. Nesta linha de pensamento, ambos se tornam reais e com a mesma natureza. Ora, existe pensamento, sem eu existir e estar presente? Em boa verdade, o pensamento é sat, é átman, embora átman não seja apenas um pensamento.
Átman não está coberto pelos pensamentos, da mesma forma que a onda não cobre a água.
A visão védica não aceita os pensamentos como a causa do sofrimento. Tomar os pensamentos como sendo eu próprio, átman, é a causa do sofrimento. O átman não está coberto pelos pensamentos, da mesma forma que a onda não cobre água. Na própria onda, a água é vista. No próprio pensamento, átman é percebido. Não existe nenhum manto sobre o átmanque não seja o da ignorância.
Eu sou átman, a consciência, sempre livre dos pensamentos, apesar da existência dos pensamentos. Eu sou sat, tudo o mais é mithyá. E quando essa verdade é percebida, mithyá não incomoda mais do que a própria sombra.
Uma mente sem pensamentos é uma mente vegetativa e ninguém consegue viver activamente no mundo com uma mente que não funciona. A meditação que está dentro da tradição não quer restrição, nem subjugação, mas compreensão. Tudo o que precisamos é compreender a natureza do pensamento e do silêncio que lhe subjaz.
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