YOGA

Um olhar curioso Um princípio pode ser um primeiro passo em direção a um objetivo bem estabelecido, ou pode ser um primeiro passo em direção à qualquer lugar. Mas é um primeiro passo necessário. Um sair do seu lugar, levantar da cadeira e ir. Yoga é assim. A gente começa e não sabe bem o que vai acontecer. É um ir em mistério porque é ir para um Si mesmo desconhecido. Mas nem isso a gente sabe no começo. O primeiro passo é abrir-se para ver no que vai dar. Aqui, o objetivo bem estabelecido é quase sempre enganoso. Começar querendo chegar em algum lugar imaginário e pronto fecha as possibilidades das descobertas. Descobertas que mostram o caminho e revelam um objetivo, antes turvo e nublado.Yoga é assim, tem um monte de possibilidades. Várias práticas diferentes que servem de ferramentas para que possamos enxergar a estrada que vamos percorrer. Técnica de Yoga é como se fosse a lanterna que nos auxilia a ver por onde estamos andando. Com o passar dos anos de prática é como se o céu fosse clareando. Podemos jogar fora a lanterna e olhar pra frente e ao redor. A visão se amplia e começa o reconhecimento desse "lugar" desconhecido e familiar. É retornar para casa, para a Sua casa.O começo da prática é sentar no tapetinho e tentar encontrar essa disposição para estar na própria companhia e ver no que vai dar. Estar consigo, no próprio corpo, olhando para ele com carinho. Yoga começa no corpo porque é mais fácil para a maior parte das pessoas prestar atenção ás sensações do corpo. É uma capacidade de olhar que começa a se desenvolver na pele e que se aprofunda cada vez mais. É necessário disposição para aceitar tudo aquilo que a gente não gosta na gente. É necessário um pouco mais de objetividade para não ficar julgando e projetando um ideal de como deveríamos ser.Então começanos nesse corpo. Reconhecendo uma anatomia humana e uma anatomia nossa. Um corpo que é de todos e um corpo que é nosso, individual e preenchido por memória. O corpo é a memória da vida (ou das vidas). O corpo é carimbado por marcas. Guarda cada susto, e não esconde nada. Não é que nem a mente que dá voltas em si mesma. O Corpo fala uma outra língua que a gente aprende a ler pra conseguir entender melhor os mecanismos da própria mente. O corpo é mais acessível. Está tudo ali. Então mesmo que já tenhamos feito várias atividades diferentes, começar no yoga simples, fácil, tranquilo, permite o aprendizado de uma nova linguagem. Yoga não é somente conseguir fazer aquelas coisas todas. Não adianta fazer aquilo tudo sem saber "ler" o próprio corpo. A aplicação das técnicas acaba ficando aleatória e perde-se a inteligência da prática. Os efeitos a gente sente fazendo o mínimo, mas o aprendizado gradual e desde a base nos dá um conhecimento precioso para o lidar consigo, para acessar o que parece inacessível e incontrolável. A mera execução das técnicas de Yoga sem um trabalho de base não proporciona ao aluno a autonomia para saber usar o Yoga para si mesmo.O trabalho de base é de reconhecimento. Olhamos para nós mesmos. Para o corpo, para cada articulação, para a respiração e para as tendências do nosso corpo individual. Aos poucos, a partir de um aprendizado do que seria uma anatomia humana inteligente, começamos a experimentar, com aquele estado de disposição tranquila, o que acontece quando fazemos cada uma das variadas técnicas de Yoga. Assim vamos criando intimidade com o corpo para ir aos poucos aprofundando esse conhecimento para os níveis mais profundos e sutis. Mas é fundamental o estado de disposição e abertura. Um estado relaxado e tranquilo em relação ao que se está fazendo. Entrar na sala de Yoga já determinando o que se quer é pura perda de tempo, é ignorar o próprio espelho. É aproveitar quase nada do potencial da prática e é perder o grande barato da coisa. Yoga mesmo começa com curiosidade e vontade de experimentar. O resto a gente organiza depois.

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